quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Educação Inclusiva



Pensando sobre o tema para o “meu” post resolvi escrever sobre educação inclusiva, tema do meu estágio e que por isso tem me despertado muito interesse nas últimas semanas. De início eu pensei “preciso tentar ao máximo não colocar minha opinião pessoal no texto, ou seja, tentar ser o mais neutra possível”. No entanto, acredito que a minha humilde experiência pode de alguma forma esclarecer algumas questões e possibilitar algumas críticas mais bem fundamentadas.

Antigamente a educação de crianças com necessidades educacionais especiais era segregada, ou seja, essas crianças eram educadas nas chamadas escolas especiais. No entanto, a tendência da política atual é a luta por um modelo de educação inclusiva em que essas crianças aprendem e se desenvolvem junto com as demais.

Quero deixar bem claro que não pretendo aqui discutir se deve-se ou não incluir pessoas com necessidades educacionais especiais nas classes regulares. Acredito que esta já seja uma discussão um tanto que ultrapassada, tendo em vista que a lei determina que “O dever do Estado com educação escolar pública será efetivado mediante a garantia de – atendimento educacional especializado gratuito aos educandos com necessidades especiais, preferencialmente na rede regular de ensino” (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB, artigo 4/III ). E ainda: “O Poder Público adotará, como alternativa preferencial, a ampliação do atendimento aos educandos com necessidades especiais na própria rede pública regular de ensino, independentemente do apoio às instituições previstas neste artigo” (LDB, artigo 60).

Para mim, a questão maior é: COMO incluir pessoas com necessidades educacionais especiais nas classes regulares? Acredito que a palavra inclusão deva ser pensada num sentido mais amplo do que apenas matricular essas crianças nas escolas junto com as demais. Deve-se pensar, acima de tudo, quais ferramentas são necessárias para que essa inclusão não se torne mais uma forma de exclusão.

Você pode estar pensando: “como que a inclusão pode se tornar exclusão?” Diante dessa questão acho que seja o momento de falar da minha experiência. O que eu percebo como estagiária de uma escola pública, atuando como mediadora de crianças com necessidades educacionais especiais é que é difícil (pra não dizer impossível) que essa criança acompanhe as demais. Muitas vezes pude presenciar o sentimento de frustração dessas crianças por não conseguir acompanhar o ritmo dos demais colegas. Diante disso, me surgem várias dúvidas: eu devo tentar fazer com que ela acompanhe o máximo possível os demais alunos (fazendo os mesmos exercícios que eles) ou devo proporcionar atividades diferentes visto que a criança (que está no 2º ano) não sabe nem sequer ler?

Outra dúvida que surge: estariam os professores preparados para receber esses alunos e lhes dar a devida atenção de que necessitam? Se a resposta for NÃO, de quem seria esse papel? Ou melhor: do que precisariam esses professores para se sentirem capazes de receber esses alunos e desenvolver ao máximo suas habilidades?

Infelizmente eu AINDA (assim espero) não tenho as respostas de tais perguntas. Mas acredito que seja dever da escola e da sociedade em geral lutar para que essa inclusão de fato aconteça e não fique apenas no papel. É preciso ter cuidado para que a escola não seja visto por esse aluno com necessidades especiais como um local que o desencoraja em suas habilidades. Afinal, caso isso aconteça, esse aluno poderá vir a desenvolver uma visão distorcida da importância da educação para sua vida.

Acredito que a inclusão de crianças com necessidades educacionais especiais na rede regular de ensino é um grande desafio e que a luta está apenas começando. Certamente essa não é uma tarefa fácil. Por outro lado, os benefícios são muitos, tanto para esses alunos quanto para os demais que terão a oportunidade de conviver com as diferenças, refletindo e respeitando as mesmas desde muito cedo.

Espero que este texto possa contribuir de alguma forma na reflexão sobre o tema. Lembrando que o objetivo do blog não é trazer respostas prontas (até porque na maioria das vezes essas respostas não existem). Sendo assim, dúvidas, comentários, críticas e elogios são sempre bem-vindos. Esperam que tenham gostado!

4 comentários:

  1. Curti o texto, achei interessante trazer o tema para discussão. O fato é que hoje no país não se tem dado a importância necessária que a educação merece (isso é fato conhecido). No entanto, o que acontece é mudaram-se as leis,a inclusão foi posta em discussão, mas na prática o que se vê são crianças sendo literalmente jogadas em um ambiente escolar despreparado para recebê-las. A Educação regular já anda precária, centenas de novos professores saem das universidades sem um mínimo de preparo para a dura realidade que vão enfrentar dentro de uma sala de aula, e os alunos ficam a mercê da boa vontade e disposição de algumas pessoas que por mais ruim que seja a situação ainda possuem vontade para tentar ensiná-las...o que na verdade não dura muito, pois ao longo do tempo sem reconhecimento, condições de trabalho os profissinais acabam desestimulados a tentar lutar contra ou fazer algo pela educação.
    Desculpas por falar tanto...e nem sei se expus corretamente o que estava pensando
    Parabenizo a todos pelos outros posts, foram todos muito bem escritos. =)

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  2. Triste fato: a educação inclusiva no Brasil, hoje, é um engodo sem tamanho. É bonito, é ideal e ideológico, mas implementado de forma absurdamente ridícula. Quando o governo pensar educação com seriedade e não como embuste "pra inglês ver" e quando a famosa máxima sobre qualidade e quantidade for relevada, aí, quem sabe, salvem-se, finalmente, aqueles que estão nas margens.

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  3. a "educação inclusiva" deveria começar em casa, né. ensinar as crianças q o "diferente" não é ruim, e que pode coexistir e tal.. ;b
    quanto a escola: o "sistema vigente" é excludente por natureza. todo o sistema de ensino (carga horária, conteúdos, atividades, avaliações, relações sociais) é excludente. até para os "normais". não é feito pra incluir, é feito pra formatar.
    daih a gente volta lá pras relações humanas e tal..
    no fim, é preciso re-significar muita coisa antes. muita coisa.
    mas chegaremos lá ;] afinal, é pra isso q o governo paga nossa faculdade xD
    [e se não for, azar o dele, pq é o q eu vou fazer]

    ótimo texto, ótimo blog. vcs estão todos de parabéns.

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