Assunto muito debatido há alguns anos é o sistema de cotas raciais como forma de inclusão social. Grande parte das vezes, entretanto, o debate gira em torno de argumentos pouco fundamentados além pouco se entender sobre as razões que levaram e mantém a exclusão e que fazem necessário algum tipo de intervenção, concordemos ou não com as cotas.
O sistema de cotas é um “reparo” aos anos de escravidão a que os negros foram submetidos no Brasil, sendo a eles, neste período, negado alguns dos direitos mais fundamentais da condição humana.
Como se sabe, os negros eram capturados (geralmente separados de suas famílias) em África e transportados (em situações precárias) até o Brasil para que (os que sobrevivessem à viagem) aqui exercessem o trabalho escravo. A chegada dos primeiros negros para o trabalho escravo se deu ainda no século XVI. A abolição só se deu quase 340 anos depois e neste período exercia trabalhos forçados, era torturado, não tinha direito a liberdade, a salário ou a educação.
A abolição, da forma como se deu, não foi inclusiva. Esta visava muito mais atender a interesses financeiros do que uma consciência da desumanidade do regime escravista. Desta forma a lei Áurea libertou, mas não incluiu, transformando negros ex-escravos e negros marginalizados. Continuava o negro sem acesso a educação, terras ou emprego. O samba Mangueira, de 1988, retrata bem o quadro: “... Pergunte ao criador quem pintou essa aquarela; Livre do açoite na senzala; Prezo na miséria da favela...”.
O quadro pintado entre os séculos XVI e XIX (sim, a história do Brasil tem mais tempo na escravidão do que após a mesma) pode ser visto ainda hoje. Pesquisas revelam que 64% dos pobres são negros, sendo o percentual de negros na população Brasileira de 45,4. Além disso, pesquisa de 2003 mostra que 43% da população negra encontra-se abaixo da linha da pobreza.
Recomendo leitura: http://www.adital.com.br/site/noticia2.asp?lang=PT&cod=19978 .